15 de julho
Cyborg Sunday de Dinis Machado
Aus Sicht Festival
Hamburgo, Alemanha
'Cyborg Sunday' de Dinis Machado
começa com cinco performers a recordar, em voz alta, uma história que ainda vai
acontecer. A história, sobre um dia na vida de um grupo de pessoas, que vivem
juntas em harmonia, é contada através das impressões dos intérpretes, pelas
suas recordações filtradas e sensibilidades individuais. Enquanto se esforçam
por lembrar com exactidão as suas memórias, desencadeiam sensações físicas que
vão mudando de forma, embora prosseguindo com a sua
intenção. Lentamente, as suas acções vão ficando mais fragmentadas,
perdendo não só significado, mas também substância física. No entanto, isso não
é o caos, nem corresponde a liberdade total. Em vez disso, tudo é ultra
considerado e à medida que as suas máscaras sociais caem somos guiados para um
mundo imaginário rico, algo com tanto de pessoal como de efémero. Mesmo quando
experimentam os cabelos uns dos outros, a mais prática e mundana das suas
acções, isto é realizado, não para causar efeito ou impacto, mas simplesmente
porque podem fazê-lo. Podem ser os outros sem deixarem de ser eles próprios.
Apesar de tudo, a realidade parece ser a ficção que criam e partilham, têm isso
sob controle. Com o desenrolar da história, os personagens convivem
intimamente. Eles dormem, cozinham e comem e filmam-se a ter sexo, enquanto o
movimento dos performers se torna cada vez mais ténue, de modo a que, até mesmo
referências directas, a um hambúrguer, por exemplo, perdem o seu impacto
literal. Talvez os movimentos estejam, também, a ser ‘desmascarados’. A única
coisa que parece importar é a forma como os diferentes elementos do elenco se
lembram e se relacionam com a história, a sua perspectiva pessoal unida por uma
referência externa. Se a história é a moldura da peça, são os performers que
mantêm tudo em conjunto através das possíveis representações, que nunca chegam
a acontecer.
'Cyborg Sunday’ funciona como um
labirinto sedutor onde o fio de Ariadne nos leva não para a saída, mas para um
mundo denso e intangível, profundamente interior.
Texto de Pedro Machado
Cyborg Sunday propõe um happening
fictício, numa paisagem fictícia, num futuro ambíguo, longe de representações
facilmente reconhecíveis e expectativas espetaculares de ficção científica.
Como abrir as possibilidades de representação, como uma estratégia para abrir
as próprias possibilidades de futuros. Longe de qualquer pretensão da
totalidade, uma proposta de uma paisagem onde o prazer é revalidado como uma
prioridade e ideia política. O que pode ser uma paisagem futura? O que pode ser
um happening neste futuro fictício, sabendo que o futuro é sempre uma ficção no
processo de se tornar realidade? E o que
é e como pode ser um corpo (humano) lá? O que pode ser uma proposta para
uma vida possível? Uma performance é um convite a uma proposta provisória de
uma operatividade específica. O mundo não é um estágio, mas um estágio é um
espaço para experimentar, testar e experimentar mundos. Acontece num domingo
fictício.
[Dinis Machado]
Um Projeto
de Dinis Machado (PT3) com Anna Koch (SE), Vicky Malin (UK), Jorge Gonçalves
(PT), Nikolas Kasinos (CY) e Isadora Monteiro (PT)
Colaboração
e Pesquisa Artística Pedro Machado e Catherine Long
Operação
Artur Pispalhas
Residências
ImPulsTanz (Viena), Dance4 (Nottingham), Lugar Instável (Porto) e Weld
(Estocolmo)
Co-Produção
BARCO (PT), Weld (SE), NEC/Teatro Municipal do Porto (PT) e Dance4
(UK)
Apoio do
ImPulsTanz no âmbito do “Life Long Burning” financiado pelo programa da União
Europeia Cultura 2013-2018
Desenvolvido
com o apoio para as artes do Arts Council England
Circulação
com o apoio à internacionalização da Fundação Calouste Gulbenkian
Dinis
Machado é artista associado do Ballet Contemporâneo do Norte (Porto),
ZDB/Negocio (Lisboa) e Weld (Estocolmo)
Estreia
Weld, Estocolmo, 12 e 13 Fevereiro 2015
Ante-estreia
Rivoli – Teatro Municipal do Porto, 21 November 2014
15th july
Cyborg Sunday by Dinis Machado
Aus Sicht Festival
Hamburg, Germany
Dinis Machado's 'Cyborg Sunday'
starts with four people remembering out loud a story which will still happen.
The story, about a day in the life of a group of people who live together in
harmony, is told through the performers' impressions, their filtered
recollections and individual sensibilities. As they strive for accuracy their
memories trigger physical sensations that fleet form whilst keeping their
intention. Slowly their actions get more fragmented, loosing not only meaning
but physical substance. But this is no chaos, no free for all. Instead
everything is ultra considerate and as their social masks fall we are guided
into an imaginatively rich world, something as personal as it is ephemeral.
Even when they try each other's hairs, the more practical and mundane of their
actions, this is done not for effect, not for impact, they do it simply because
they can do it. They can be each other without ceasing to be themselves, after
all reality seems to be the fiction the create and share, they are in control.
As the story unfolds, its characters including Dinis himself, cohabit
intimately. They sleep, cook and eat, and film themselves having sex while the
movement from the performers becomes more and more tenuous so that even direct
references, to a hamburger for instance, loose their literal impact, perhaps
movements are also being 'unmasked'. The only thing that seems to matter is how
the diverse cast remembers and relates to the story, their personal perspective
united by an external reference. If the story is the frame of the piece it is
the performers who hold everything together through the possible
representations that never take place. 'Cyborg Sunday' works like a seductive
labyrinth where Ariadne's thread leads one not to the exit but deep inside a
dense intangible world.
[Pedro Machado]
Cyborg Sunday proposes a fictional happening, on a fictional landscape, in an ambiguous future, far from easily recognisable representations and sci-fi spectacular expectations. How to open the possibilities of representation, as a strategy to open the own possibilities of futures. Far from any pretension of totality, a proposal of a landscape where pleasure is revalidated as a political idea and priority.
What can be a future landscape? What can be a happening in this fictional future, knowing that future is always a fiction in the process of becoming reality? And what and how can be a (human) body there? What can be a proposal for a possible life?
A performance is an invitation to a provisory proposal of a specific operativity. The world is not a stage but a stage is a room to try out, to test and to experiment worlds.
It happens on a fictional Sunday.
[Dinis Machado]
A project
by Dinis Machado
performed
by Anna Koch (SE), Vicky Malin (UK), Jorge
Gonçalves (PT),Nikolas Kasinos (CY/UK) and Isadora
Monteiro (PT)
with Pedro Machado (BR/UK) as outside eye
with the development collaboration of Catherine Long (UK)
Developed in residency atImPulsTanz (Vienna), Dance4 (Nottingham),Weld (Stockholm)
Produced by Corp (PT) and Dance4 (UK)
with Pedro Machado (BR/UK) as outside eye
with the development collaboration of Catherine Long (UK)
Developed in residency atImPulsTanz (Vienna), Dance4 (Nottingham),Weld (Stockholm)
Produced by Corp (PT) and Dance4 (UK)
Supported
by ImPulsTanz (AT) in the framework of 'Life Long
Burning' supported by the Culture 2013-2018 programme of
the European Union
Developed
with the Grant for the Arts from the Arts Council
England (UK)
Supported
by Nottingham Trent University (UK)
Administration: Interim
kultur (SE)
In collaboration with NEC and Câmara Municipal do Porto
In collaboration with NEC and Câmara Municipal do Porto
(A special
version with local performers was produced for the Teatro Municipal do
Porto re-opening program Rivoli Já Dança on 22 November 2014)