4/02/2012

A NOTÍCIA DA MINHA MORTE FOI UM EXAGERO de Susana Otero

Dia 14 de Abril 

21h30



 Fotografia de Andreas Dyrdal

 

A frase, justamente adoptada como título deste primeiro trabalho de longa duração de Susana Otero, foi proferida por um jornalista quando entrevistado após ter sido largamente noticiada a sua morte...

Partindo de textos de José Cardoso Pires, De Profundis - Valsa Lenta, a qual foi escrita depois do seu autor ter sofrido um acidente vascular cerebral que o privou da memória entre outros problemas, e de Fumar ao espelho, um monólogo de caracter autobiográfico, Susana Otero faz um exercício cheio de ironia,  reflectindo sobre a vida e a morte – a morte branca como lhe chama José Cardoso Pires, e a outra, bem mais negra e mais abrangente -, e sobre a própria dança contemporânea e o seu poder enquanto arte performativa.
Sempre com um cuidado cheio de ternura pelas «criaturas» que põe em cena, Susana Otero faz apelo a uma empatia e cumplicidade por parte do público; o qual está, face a este espectáculo, como quem se expõe ao sol, gozando o seu calor aprazível ou sofrendo as queimaduras dos seus raios mais fortes.

Em palco dois homens e uma mulher, perdidos como só Godot à espera de si próprio (a referência Beckettiana faz aqui todo o sentido) o espectáculo desenrola-se entre a palavra - esse movimento da voz –, e a dança – essa voz do corpo -, entrelaçando-se, sem nunca se atropelarem nem invadirem, com um à vontade  alheio a quaisquer dogmas de cruzamento interdisciplinar ou a fenómenos de moda nos processos criativos, ilustrando, bem, o melhor de um certo exercício da contemporaneidade.

«E agora José?
...Você marcha José!
José, para onde?»

«José, ao espelho, encolhe os ombros.»

BCN, 2011


Concepção, direcção e coreografia | Susana Otero
Interpretação e criação | Sara Leite, Rui Marques e Flávio Rodrigues 
Música | Quarteto Dissonante, W. A. Mozart
Desenho de luz | João teixeira
Figurinos | Susana Otero /Luis Carolino
Produção | BCN