9/12/2016

IN A MANNER OF SPEAKING | DINIS MACHADO PARA O BCN




ESTREIA
29 de Outubro | 22h
CINETEATRO ANTÓNIO LAMOSO, Santa Maria da Feira


Rua Professor Egas Moniz, 11
4524-909 Santa Maria da Feira
cineteatro@cm-feira.pt
256337060


Uma peça do Ballet Contemporâneo do Norte
coreografada por Dinis Machado
e dançada por Mariana Tengner Barros, Filipe Pereira, Jorge Gonçalves e Susana Otero
 
Desenho de Luz, Som e Figurinos: Dinis Machado
Fotografia de Cena: Miguel Refresco
Registo Vídeo: Diogo Mendes
Design Gráfico: Eduardo Ferreira
Produção: BCN
Agradecimentos: A22, CMSMF
Agradecimento Especial: Sr. Eugénio Campos






I melted my gender into a skin of stone
A bone
A physical rhyme
A tender mime of a desire of mine
 
In a Manner of Speaking é um poema, não como devaneio lírico, mas como lugar onde a escrita coreográfica se sedimenta na sua própria dimensão lúdica. Começou com um convite do Ballet Contemporâneo do Norte para re­visitar a minha primeira peça de grupo Parole, Parole, Parole... (2010).

Sem qualquer nostalgia formal, sobraram desta re­ponderação um micro-universo em contínua reformulação e o investimento na função fática de uma linguagem coreográfica que abandona a sua dependência de qualquer ideia de conteúdo, desenvolvendo-se como exercício proto-político de presença (colectiva), não minimal ou essencialista, mas hiperficcional.

In a Manner of Speaking é assim uma auto­ficção estrutural sobre uma companhia de dança. Um exercício hiper­formal de um virtuosismo inventado a partir de fragmentos e técnicas de uma história da dança propositadamente lacónica, apropriada e inventada. Uma especulação subjectiva, um olhar deformado e calcificado por uma prática convicta. Um manifesto anti-essencialista onde ficções e factos se misturam, sem qualquer hierarquia, para a criação de um habitat proto-futurista. Uma emancipação da verdade e uma celebração da ficção. Um exercício para reclamar o direito de reinventar a história do seu próprio corpo e cidadania. Uma coreografia mirabolante onde os corpos dos performers são postos às avessas, não através de qualquer ilustração de exercício libertário, mas através de uma aceleração hiperformal.

Será talvez evidente o acento de uma reflexão e reescrita de género neste exercício ficcional:
Corpos remontados pelo paradoxo entre a evidência e a impossibilidade da definição do feminino.
Corpos proto-futuristas que se experimentam no jogo lúdico de propor uma ideia de dança que os reestrutura.
Corpos que se propõem a uma prática de género pós-binário e pós-panfletário.
Uma metamorfose intima de um queer silencioso que acontece na quase invisibilidade dos ossos, da carne e da pele.